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Os bolsos onde resguardámos mãos do frio,da insegurança, onde metemos as chaves do carro,da casa e uma infinidade de coisas, são um mundo escondido e muito particular.Umas entram e saem com a velocidade que o momento exige, outras aninham-se a um canto até que as resgatemos do escuro.Os mais arrumados limpam-nos diáriamente, outros esvaziam-nos quando o peso ou volume incomoda e geralmente são surpreendidos com algo que pensavam perdido.

Eu estou entre uns e outros.Pouco meto nos bolsos.Nem mesmo as mãos.Gosto de os ver bonitos, não deformados.Até aqui nada de raro, não fôsse o facto de ter enviado um agasalho à limpeza-a-sêco.No acto da entrega, foi passada revista aos bolsos.Espanto de quem o levou à loja, e da própria funcionária que de olhos esbugalhados retirava de um deles ,um anel.Voltou a casa e à proprietária que já nem se lembrava de o ter depositado num dos bolsos daquele casaco.
Pensou tê-lo tirado do dedo num dia de fúria em que desejou o mundo só dela.Tentou devolvê-lo em vão.Sim, tinha sido assim.Só não se lembrava onde o tinha metido.Há quanto tempo...