Por Amor

Privo diáriamante com eles e elas. Estão a milhares de kilometros de casa, em cumprimento do que chamam sentido do dever a cumprir. Estão pela nação, sem perguntas, sem hesitações. A familia está lá, só a ajuda da tecnologia os remete num fugaz aparecimento aos seus. É a voz que chega, ou a figura em forma de foto, um mail , uma carta.
Particularmente, uma pela confidência me fez sentir a minha pequenez. Mãe de um rapaz de seis anos e uma menina de quatro, tinha saudades na voz, especialmente ontem, pelo aniversário do marido. Sabia, dizia-me, iriam estar todos juntos, os amigos, a familia, menos ela. Até sabia, o presente que lhe teria oferecido. Mas ficou adiado. A comemoração iria ter lugar sem a preparação dela. A casa teria o cheiro a bolo, mas não confeccionado por ela. A cadeira estaria vazia. Não me restam dúvidas que seria olhada como se ela lá estivesse, e nos seus corações , ontem, a saudade apertaria um pouco mais. Conversámos algumas horas. Escutei-a com muita atenção. Olhei-a com enorme admiração.Tentei comparar as duas situações, a minha e a dela. Nada tinhamos em comum além do facto de nos encontrarmos longe de casa e por vontade própria. Ela sim, uma Mulher com letras maíusculas. Uma heroína. O seu sacrificio era duplo. A ausência dos seus não tem preço neste mundo egoísta, só o país fala mais alto. O tal sentido do dever. A compensação virá depois. A familia orgulhar-se-á dela, o país também. Os seus olhos azuis, a tez queimada pelo clima abrasador faziam sobresair ainda mais a sua beleza. A interior, ouvi em cada detalhe , no Amor pela familia, no patriotismo.

O mundo está cheio de mulheres como esta. Mas tentam passar despercebidas na sua grandeza.Instituiu-se que ser mulher é isto. Ser forte todos os dias, sem queixume.Por Amor.